Geografia na poesia
A poesia é de Catulo da Paixão Cearense - poeta e declamador, que nasceu, não no Ceará, mas no Maranhão, em 1863, e compôs junto com João Teixeira Guimarães, um dos maiores clássicos da música brasileira Luar do Sertão.
Perceba o seu desencanto com a cidade, e o olhar bucólico, saudoso, para o interior do Brasil. A idealização da paisagem e o desconforto com mundo pra onde parece ter sido empurrado. Luar do Sertão é de 1910. Dá pra imaginar o espanto do poeta ao ver uma cidade como São Paulo, hoje, em pleno século XXI?
A poesia é de Catulo da Paixão Cearense - poeta e declamador, que nasceu, não no Ceará, mas no Maranhão, em 1863, e compôs junto com João Teixeira Guimarães, um dos maiores clássicos da música brasileira Luar do Sertão.
Perceba o seu desencanto com a cidade, e o olhar bucólico, saudoso, para o interior do Brasil. A idealização da paisagem e o desconforto com mundo pra onde parece ter sido empurrado. Luar do Sertão é de 1910. Dá pra imaginar o espanto do poeta ao ver uma cidade como São Paulo, hoje, em pleno século XXI?
LUAR DO SERTÃO
Não há, oh gente, oh não,
luar como esse do sertão...
luar como esse do sertão...
Oh, que saudade
do luar da minha terra,
lá na serra branquejando
folhas secas pelo chão...
do luar da minha terra,
lá na serra branquejando
folhas secas pelo chão...
Esse luar cá da cidade, tão escuro,
não tem aquela saudade
do luar lá do sertão...
não tem aquela saudade
do luar lá do sertão...
Não há, oh gente, oh não,
luar como esse do sertão...
luar como esse do sertão...
Se a Lua nasce
por detrás da verde mata,
mais parece um sol de prata
prateando a solidão...
por detrás da verde mata,
mais parece um sol de prata
prateando a solidão...
E a gente pega
na viola que ponteia
e a canção é a lua cheia
a nos nascer do coração...
na viola que ponteia
e a canção é a lua cheia
a nos nascer do coração...
Não há, oh gente, oh não,
luar como esse do sertão...
luar como esse do sertão...
Coisa mais bela
neste mundo não existe,
do que ouvir um galo triste
no sertão, se faz luar...
Parece até que alma da Lua é que descanta,
escondida na garganta
desse galo, a soluçar...
neste mundo não existe,
do que ouvir um galo triste
no sertão, se faz luar...
Parece até que alma da Lua é que descanta,
escondida na garganta
desse galo, a soluçar...
Não há, oh gente, oh não,
luar como esse do sertão...
luar como esse do sertão...
A gente fria
desta terra sem poesia
não se importa com esta Lua,
nem faz caso do luar...
Enquanto a onça,
lá na verde capoeira,
leva uma hora inteira
vendo a Lua, a meditar...
desta terra sem poesia
não se importa com esta Lua,
nem faz caso do luar...
Enquanto a onça,
lá na verde capoeira,
leva uma hora inteira
vendo a Lua, a meditar...
Não há, oh gente, oh não,
luar como esse do sertão...
luar como esse do sertão...
Ai, quem me dera
que eu morresse lá na serra,
abraçado à minha terra
e dormindo de uma vez...
Ser enterrado
numa grota pequenina,
onde, à tarde, a sururina
chora a sua viuvez...
que eu morresse lá na serra,
abraçado à minha terra
e dormindo de uma vez...
Ser enterrado
numa grota pequenina,
onde, à tarde, a sururina
chora a sua viuvez...
Não há, oh gente, oh não,
luar como esse do sertão...
luar como esse do sertão...
Se Deus me ouvisse
Com amor e caridade
me faria essa vontade
o ideal do coração:
era que a morte
a descantar me surpreendesse
e eu morresse numa noite
de luar do meu sertão.
Com amor e caridade
me faria essa vontade
o ideal do coração:
era que a morte
a descantar me surpreendesse
e eu morresse numa noite
de luar do meu sertão.
Não há, oh gente, oh não,
luar como esse do sertão...
luar como esse do sertão...
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