sexta-feira, 29 de março de 2013

Geografia na poesia (Itabira)

Poema de Carlos Drummond de Andrade fala da Itabira que permanece dentro dele... Mesmo distante, o estrangeiro carrega consigo o hábito da sua cidade.


CONFIDÊNCIA DO ITABIRANO
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Durval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público. 
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!

Vista de Itabira, na década de 1960. Autor desconhecido.

terça-feira, 26 de março de 2013

As cidades

Em função de suas atividades (quando uma delas se destaca das demais), as cidades podem ser classificadas como turísticas, industriais, portuárias, comerciais, religiosas, universitárias, político-administrativas, ou ainda prestadoras de serviços. 

Exemplos

Aparecida do Norte, exemplo de cidade religiosa.




Brasília, centro político-administrativo.




Búzios, cidade turística.




Caruaru, centro comercial.




Cubatão, cidade essencialmente industrial.



Maringá, cidade prestadora de serviços.




Santa Maria, cidade universitária.




Santos, cidade portuária.




segunda-feira, 25 de março de 2013

Partidão completa 91 anos

Partido Comunista do Brasil (PCB) completa 91 anos de existência

Partido político de âmbito nacional fundado em 25 de março de 1922 com o objetivo principal de promover no Brasil uma revolução proletária que substituísse a sociedade capitalista pela sociedade socialista.
O congresso de fundação do PCB realizou-se em Niterói, reunindo alguns poucos operários e intelectuais do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Quase todos os fundadores haviam iniciado sua militância política nos meios anarquistas e só se converteram ao comunismo após a vitória da Revolução Russa de 1917. Apesar da pouca repercussão do congresso de fundação, já em junho de 1922 o governo de Epitácio Pessoa colocou o partido na ilegalidade, condição em que passaria a maior parte de sua existência.
Em janeiro de 1927 o PCB recuperou a legalidade, e formou-se o Bloco Operário, frente eleitoral que elegeu Azevedo Lima para a Câmara dos Deputados. Já em agosto, porém, o PCB voltava a ser ilegal. Buscando ampliar suas alianças, em dezembro o partido enviou seu secretário geral Astrojildo Pereira à Bolívia para conversar com Luís Carlos Prestes, o líder da Coluna Prestes que havia desafiado o governo e se encontrava exilado naquele país. Em outubro, o Bloco Operário Camponês (BOC), nova denominação do Bloco Operário, elegeu dois membros do PCB para o Conselho Municipal do Rio de Janeiro: Otávio Brandão e Minervino de Oliveira.
Em 1929, Prestes foi convidado a disputar a eleição presidencial do ano seguinte na legenda do BOC, mas não aceitou. Disposto a não apoiar os candidatos apresentados - Júlio Prestes, pela situação, e Getúlio Vargas, pela oposição -, o PCB lançou o nome do vereador carioca Minervino de Oliveira, que obteve uma votação inexpressiva. Em seguida o partido se negou a dar apoio à Revolução de 1930, por considerar o movimento uma simples luta entre grupos oligárquicos.
Nessa época teve início, sob o estímulo da Internacional Comunista, um processo de mudanças no PCB caracterizado pela crítica à política de alianças promovida nos anos anteriores, o que levou à dissolução do BOC e à substituição dos intelectuais que estavam na direção do partido por trabalhadores. Esse processo de "proletarização" foi responsável pela rejeição das iniciativas de Luís Carlos Prestes, que desde o início da década de 1930 buscava aproximar-se do partido. Convidado em 1931 a morar na União Soviética pelas autoridades daquele país, Prestes só seria aceito no PCB em 1934, quando sua filiação foi imposta ao partido pela direção da Internacional Comunista.
Em 1933, O PCB participou das eleições para a Assembléia Nacional Constituinte sob a legenda da União Operária e Camponesa, mas não conseguiu eleger nenhum de seus candidatos.
O avanço internacional do nazi-fascismo e de seu similar brasileiro, o integralismo, fez surgir, em 1935, a Aliança Nacional Libertadora (ANL), da qual os comunistas participaram ao lado de outros setores de esquerda. Luís Carlos Prestes, agora membro do PCB, foi aclamado presidente de honra da organização, e seu nome era aplaudido em cada manifestação pública da ANL. Apesar disso, porém, Prestes só retornou da União Soviética em abril de 1935, e aqui chegando manteve-se na clandestinidade, já que trazia instruções da Internacional Comunista para promover um levante armado com o objetivo de instaurar um governo "popular, nacional e revolucionário" no país. No segundo semestre de 1935, após a decretação de sua ilegalidade pelo governo, a ANL perdeu seu poder de mobilização. A partir desse momento, começaram a ganhar espaço em seu interior os comunistas e alguns elementos oriundos do antigo movimento tenentista, que, sob a liderança de Luís Carlos Prestes, passaram a articular um levante armado para assumir o poder. O levante foi deflagrado em novembro, mas foi logo sufocado Aprofundou-se, então, o processo repressivo movido pelas autoridades governamentais e policiais contra os setores oposicionistas, que iria culminar com a instauração da ditadura do Estado Novo, em 1937.
Com a maioria de seus dirigentes presos, o PCB se desarticulou completamente durante o Estado Novo. Em fins de 1941, grupos isolados no Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia empreenderam iniciativas no sentido da reorganização do partido. Foi formada, então, a Comissão Nacional de Organização Provisória (CNOP). Na prisão desde o início de 1936, Prestes mantinha seu prestígio como líder máximo do partido.
A partir de 1943, estimulados pela entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados, os comunistas começaram a discutir no interior do partido a proposta de união nacional em torno de Vargas, que acabou sendo aprovada pela Conferência da Mantiqueira, realizada em agosto. Nessa conferência, Prestes foi escolhido como novo secretário geral. Em 1945, com o avanço do processo de redemocratização do país, Prestes e outros dirigentes foram anistiados e passaram a apoiar o movimento "queremista", que defendia a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte com Vargas no poder.
Em outubro ainda de 1945 o PCB retornou à legalidade, obtendo seu registro eleitoral. O enorme prestígio desfrutado pela União Soviética após o fim da Segunda Guerra Mundial contribuiu para que o partido obtivesse expressivo crescimento. Nas eleições presidenciais realizadas em dezembro, o PCB lançou a candidatura do ex-prefeito de Petrópolis, Iedo Fiúza, que não pertencia aos seus quadros. Fiúza obteve 10% do total de votos. Votação semelhante recebeu a chapa do partido para a Assembléia Nacional Constituinte, tendo sido eleitos 14 deputados federais. No Distrito Federal, Prestes foi eleito senador com enorme votação. O bom desempenho do partido na capital federal seria confirmado nas eleições municipais de 1947, quando os comunistas conquistaram a maior bancada na Câmara Municipal.
A legalidade do PCB, porém, não duraria muito. Em abril de 1947, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cancelou seu registro argumentando que o partido era um instrumento da intervenção soviética no país. No ano seguinte, os parlamentares eleitos pela legenda do PCB perderam seus mandatos. Começava assim um novo e longo período na clandestinidade.


Trechos da carta de Luís Carlos Prestes recusando-se a participar do movimento revolucionário, 1929. Buenos Aires. (CPDOC/PEB 1929.06.19)


Fonte: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos20/QuestaoSocial/PartidoComunista

domingo, 24 de março de 2013

2008

Recordar é viver...

Olha eu aí com alunos da 7ªG, no Américo Brasiliense, em 2008.

Bons tempos. Me sentia mais jovem e menos cansado.


A propósito da discussão que tivemos sobre aula dinâmica, no 9º ano.

Colheremos, o que hoje plantamos... 

O texto de Rosely Sayão nos propõe uma reflexão ampliada sobre uma situação que cada vez mais incomoda a nós, professores velhos.

Jardinzinho universitário


Tive uma longa e interessante conversa com um professor universitário que há mais de 15 anos vem lecionando para os anos iniciais de diversos cursos de graduação. Ele me procurou para trocar ideias a respeito de seu trabalho porque anda atormentado com uma questão. Ultimamente, diz o professor, não se sente mais preparado para continuar a dar aulas em universidades.

Aceitei de bom grado o convite dele porque acho que quem reflete sobre o próprio trabalho em qualquer área profissional, especialmente na educacional, uma hora ou outra acaba por sentir-se dessa maneira. E é isso que possibilita novas buscas, estimulando aquilo que chamamos de formação continuada.

As questões que ele trouxe são conhecidas de muitos professores de nível superior. Nos últimos anos, os calouros têm chegado cada vez mais diferentes, se comparados aos de outros tempos. O comportamento é mais adolescente e inconsequente, menos comprometido com os estudos, mais ruidoso, mais festivo. O professor disse estar atônito com suas turmas e já não sabe como proceder. Ele tentou algumas estratégias, mas elas fracassaram. Dou um exemplo: abriu uma discussão com uma sala para buscar saber os motivos de tanta dispersão em aula. O máximo que o professor conseguiu foi um pedido para que ele fosse mais autoritário com os estudantes, tirasse de sala alguns alunos para dar o exemplo e desse aulas mais motivadoras.

Cito outra situação que deixou o professor perplexo. Em sua primeira aula do semestre, apresentou o curso sob sua responsabilidade, deu a bibliografia a ser usada, fez uma apresentação sucinta dos conceitos que seriam estudados e pesquisados e levantou algumas perguntas que serviriam como um norte para o curso. Ao final de sua fala, solicitou a participação dos alunos para comentários, dúvidas, etc. De imediato um aluno pediu a palavra e ele, silenciosamente, comemorou o fato. Ocorre que o aluno queria saber apenas se deveria anotar tudo o que ele falava ou não...

Tal como esse professor, muitos outros docentes devem sentir-se da mesma maneira: cheios de dúvidas, inseguranças, desalentos. Isso significa que as instituições de terceiro grau devem assumir seu papel na questão. Não podemos ignorar que o mundo mudou muito e que, agora, o comportamento adolescente começa cada vez mais cedo e está sem prazo para terminar. Também não precisamos nos conformar com o fato: podemos traçar projetos de trabalho, discutir e refletir a esse respeito. Os docentes não devem enfrentar de modo solitário as novas questões que os alunos trazem. É preciso estabelecer alguns princípios de trabalho que possam colaborar para a precipitação desses jovens à maturidade.

As instituições universitárias devem enfrentar a questão de forma coletiva. Mas é bom salientar que chamar os pais dos calouros para reuniões só estimula o comportamento infantilizado dos estudantes universitários. Também a escola básica precisa fazer a sua parte aqui, discutindo sobre como tem contribuído para solidificar esse quadro. Falamos muito de autonomia nos anos iniciais da educação infantil e formamos, ao final do ensino médio, jovens dependentes e carentes de compromisso com sua vida escolar. Onde estão os equívocos nesse processo?

Há muito tempo que a escola, em todos os seus níveis, deixou de ser a instituição responsável pela transmissão dos saberes; muitas outras instituições fazem isso. O papel de formação tem sido, cada vez mais, fundamental. Temos respondido a contento a essa demanda?

Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia-a-dia dessa relação. Escreve às terças na versão impressa de "Equilíbrio", na Folha de S. Paulo.

Tarefa 7º ano (Fundação Santo André)

Capítulo 1

HISTÓRIA DOS LUGARES

Fotos, desenhos, músicas, filmes, textos, a própria memória das pessoas, todas essas são formas de registro da história dos lugares e das transformações que ocorrem neles, ao longo da história.

A tarefa a seguir deve ser feita no caderno:

1. Observe e analise as imagens:


(I) Acima, vemos a Rua São Bento, no centro de São Paulo, em 1862. (Foto de Militão A. Azevedo).



(II) A mesma Rua São Bento, em 2006. (autor desconhecido)


a) O que evidentemente permaneceu, quase sem alteração, nessa paisagem paulistana?

b) E o que mudou?

c) Na foto de Militão Azevedo, as três pessoas que aparecem no primeiro plano estão olhando para câmera. Qual seria a razão disso?

d) É provável que a segunda tenha sido tirada num dia útil ou num domingo?

2. Veja a foto e leia o texto abaixo. Depois, responda às questões:

A economia cafeeira no Brasil


Avenida Paulista, em 1950. Foto de Alois Feichtemberg / Museu Paulista - USP
[...] Historicamente, o café chegou ao Brasil em 1727, sendo plantada as primeiras mudas no Pará. Plantado em terras paraenses, até os primeiros anos do século XIX, o café não representou nada de muito importante para a economia do país, sendo produzido mais para o consumo doméstico de seus plantadores.
Embora a cultura do café tenha se iniciado no Norte, foi no Sudeste que ocorreu seu grande desenvolvimento, encontrando, na região, excelentes condições para o seu cultivo.
Na década de 30 do século XIX o café já era o principal produto de exportação do Brasil. No entanto, até por volta da primeira metade do século XIX, a economia cafeeira ainda conservava as características básicas do sistema plantation.
Na segunda metade do século XIX, sobretudo a partir de 1860-1870, a cafeicultura passou por profundas transformações que afetaram não apenas o setor cafeeiro, mas também a própria sociedade brasileira como um todo.
A lavoura cafeeira alterou ainda o aspecto social, ao introduzir a mão-de-obra imigrante, a expansão das ferrovias, a progressiva modernização da produção cafeeira, o desenvolvimento da indústria. [...]
Os barões do café de São Paulo tornaram-se a elite social do país. Possuidores de imensas fortunas e classificados como representantes da última aristocracia brasileira, foram, ao lado dos militares, os responsáveis pela queda da monarquia e pela proclamação da República.
Fonte: MEIRA, Antonio Carlos. Brasil: recuperando a nossa história. São Paulo: FTD, 1998. COELHO, Marcos de Amorim. Geografia do Brasil. São Paulo: Moderna, 1996.

a) Pesquise e responda: o que é plantation?
b) O que fez com que grandes levas de imigrantes começassem a chegar ao Brasil, a partir da segunda metade do século XIX?
c) O que a fotografia mostra que tem a ver com o texto?

Tarefa 6º ano (Fundação Santo André e Cláudio Manoel da Costa)

A ideia é construir a maquete da sala de aula.


"A maquete serve de base para explorar a projeção do espaço vivido para o espaço representado." 
(Rosângela D. Almeida e Elza Y. Passini)


Siga como referência o vídeo abaixo, produzido por alunas do 4º semestre do curso de Pedagogia da UFSCar, na disciplina de Metodologia e Prática do Ensino de História e Geografia

Para o desenvolvimento do trabalho, inicie pela observação de sua sala de aula, liste os objetos e a posição deles no ambiente, depois elabore um desenho prévio, que servirá como planta para a construção da maquete. Avalie no seu grupo quais materiais podem ser utilizados nessa atividade, separe-os e mãos à obra.

Será o fim da puxadinho de senzala?

Tá no Estadão
Número de domésticas diminui no País

Fatia dos empregados domésticos na população ocupada caiu para 6,6% em 2012; com mais direitos, tendência de queda deve se acentuar


23 de março de 2013 | 22h 45
Luiz Guilherme Gerbelli, de O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - A relação dos patrões brasileiros com os empregados domésticos vai mudar. Se o crescimento previsto para o Brasil se confirmar nos próximos anos, será cada vez menor o número de pessoas dispostas a atuar em tarefas domésticas. No ano passado, por exemplo, a participação desse grupo no total da população ocupada foi de apenas 6,6%, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE. É o resultado mais baixo desde 2003.
A redução no número de trabalhadores domésticos elevou o poder de barganha da categoria: o rendimento cresce ininterruptamente desde 2003 e o nível de formalização é o mais alto da história. É nesse cenário inédito que a categoria também se vê próxima de garantir novos direitos por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das Domésticas.
A proposta, que deve ser votada em segundo turno no Senado na terça-feira, prevê recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e jornada de trabalho de 44 horas por semana, entre outras mudanças.
A intensa disputa pela mão de obra do setor já é sentida por quem demanda o serviço. Nos 12 meses encerrados em fevereiro, o custo de uma empregada doméstica aumentou 11,83%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação do País, também apurado pelo IBGE.
Para efeito de comparação, o IPCA cheio aumentou 6,31% no mesmo período.
"Por causa da oferta baixa e da demanda crescente, o preço das empregadas domésticas chegou num patamar em que muitas famílias estão abrindo mão do serviço todos os dias e optando por ter uma empregada duas vezes por semana, por exemplo, para não configurar um vínculo", afirma Cimar Azeredo, gerente da PME.
Cenário. A mudança na situação do mercado de trabalho doméstico foi sustentada por dois motivos: aquecimento na criação de postos de trabalho e melhora na educação do trabalhador. Esses fatores fizeram com que os trabalhadores domésticos conseguissem migrar para outros ramos de atividades.
No recorte exclusivo do serviço doméstico, é possível identificar essa melhora da educação. Entre 2003 e 2012, o porcentual de trabalhadores analfabetos ou com até oito anos de estudo recuou 15,5%. Já a quantidade de profissionais com 8 a 10 anos de estudo aumentou 27,7%, enquanto a parcela dos profissionais cresceu 139,4% no período.
A queda na quantidade de trabalhadores domésticos também é considerável. Desde 2010, o recuo médio é de 2,7% ao ano.
Em 2012, o total de trabalhadores do setor nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE foi de 1,522 milhão de pessoas - em 2008, no auge, chegou a 1,685 milhão.
"Com a melhoria da educação e oportunidade de trabalhar em outros nichos, as trabalhadoras estão conseguindo se inserir principalmente nos serviços prestados a empresas, uma parte mais voltada para terceirização", afirma Azeredo.
Atualmente, 95% do trabalho doméstico no Brasil é feito por mulheres. Mas há uma migração da mão de obra feminina com o desenvolvimento do mercado de trabalho. Em 2003, 16,7% da mão de obra feminina estava alocada em serviços domésticos. No ano passado, foi de 13,9%. Na contramão, o porcentual de trabalhadoras atuantes em serviços prestados à empresas avançou 3,6 pontos porcentuais no período.
Fuga. "Em geral as pessoas não gostam de ser empregadas domesticas. Sempre que possível elas deixam essa profissão", afirma o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho.
A mudança na estrutura do emprego doméstico deve dar uma cara mais europeizada e americanizada para o setor no Brasil. Em países de economia mais madura, ter um trabalhador doméstico todos os dias da semana é considerado luxo. Quem trabalha no setor, por sua vez, se especializa e, obviamente, cobra mais.
"A tendência é haver pessoas especializadas em serviços domésticos. Não vamos ter analfabeto fazendo esse trabalho, como era no passado. Teremos pessoas com mais escolaridade nessa função com uma remuneração mais elevada", diz Barbosa Filho.

Para ver, é preciso dar um tempo.


segunda-feira, 18 de março de 2013


Como era São Paulo sem a Estação da Luz

Local antes era um grande pasto, conhecido como Campo do Guaré, ou Caminho Guarepe


Rose Saconi

No início da colonização de São Paulo, toda a região da Luz era um grande pasto chamado Campo do Guaré, ou Caminho Guarepe. Na época de chuva, os rios Tamanduateí e Tietê transbordavam e inundavam a região."Chamamos a atenção para o péssimo estado das ruas do Morro do Chá que, à menor chuva, ficam transformadas em um immenso lodaçal, e bem assim para a falta de illuminação que alli há", escreveu um leitor ao Estado em março de 1878.

O nome do bairro foi escolhido pelos moradores, após a construção de uma capela, a Nossa Senhora da Luz. O progresso chegou com a construção da ferrovia São Paulo Railway Company, por iniciativa do Barão de Mauá, em 1860.
Apenas cargas eram embarcadas. Toda a produção de café do Estado passava pelos trilhos da Luz para chegar a Santos. O bairro recebeu em 1865 a Estação da Luz, o que gerou profundas mudanças para os moradores. A área se valorizou e a administração pública realizou obras de melhoria integrando o bairro ao centro da cidade, atraindo empreendedores e núcleos de comércio aos arredores.
Tornou-se aos poucos insuficiente para atender ao crescente movimento e uma nova edificação foi construída para substituir a São Paulo Railway Company. A nova Estação da Luz foi inaugurada em março de 1901. Em 1982 a Estação da Luz foi tombada pelo patrimônio histórico.

domingo, 17 de março de 2013


Folha de S. Paulo, 17 de março de 2013
Morte e vida de um rio
O Saracura, um dos 300 cursos de água da cidade, nasce limpo perto da Paulista se junta a outros dois e vai até o poluído Tamanduateí; quase ninguém sabe

AMANDA KAMANCHEKDE SÃO PAULO

Quem diria que a São Paulo árida e cinza tem uma grande história sobre um rio. Uma não, 300 histórias de rio, segundo o geólogo Luiz de Campos Jr., 51, que coordena o projeto Rios e Ruas.
Segundo ele, esses cursos de água têm 3.500 km de extensão. "Não se anda mais de 200 metros na cidade sem passar por um desses cursos", diz Campos.
Vamos contar a história de um rio que tem nome de pássaro: o Saracura. Ele nasce escondido, atrás da avenida Paulista, e escorre pela avenida Nove de Julho, depois segue pelo Vale do Anhangabaú, até chegar ao rio Tamanduateí, ao lado do Mercado Municipal. Para vê-lo, somente seguindo as pistas que restaram sob prédios e rodovias. São as galerias pluviais, os bueiros e os fundos de vale que trazem essas evidências.
Na pequena rua sem saída Garcia Fernandes, atrás do hotel Maksoud, impera outro clima. Menos luz, umidade latente e temperatura amena indicam que ali nasce o Saracura.
A água é conduzida até uma galeria pluvial e segue assim até chegar ao Tamanduateí. É o que acontece com 99% desses cursos de água.
Em dias de chuva, quando transbordam os bueiros, é possível ver uma água translúcida descendo pela rua Rocha, onde fica o lavador de táxis Onofre Sabino, 81. Ele puxa por uma mangueira parte da água da nascente, que brota num terreno, para lavar carros desde 1986.
"Nunca faltou água em todos esses anos", diz Sabino.
O lavador diz saber que ali há uma nascente e que ela é sua principal fonte de renda.
Dali, ele explica, a água desce pela rua Rocha até a praça 14 Bis, no Bixiga - bairro onde viviam os negros recém-libertos, nos anos 1930, e que hoje abriga a escola de samba Vai-Vai.
"Aqui foi um brejo até os anos 1960. Quem morava na região era muito pobre", diz Fernando Penteado, 66, diretor de Harmonia da Vai-Vai. "Nadei no Saracura até o fim dos anos 1950, quando começaram a canalizar o rio", diz.
Nos períodos de chuva, o Saracura faz aparições, inundando a praça 14 Bis. "Brincamos que de vez em quando o Saracura se invoca e diz: 'tô aqui'", afirma o sambista.
Ao chegar à praça das Bandeiras, ele se junta aos rios Itororó (que vem da av. 23 de Maio) e Bixiga. Os três formam o rio Anhangabaú, que segue dali até a rua 25 de Março e deságua no poluído rio Tamanduateí, na avenida do Estado. É o fim da história do Saracura.

 (Moacyr Lopes Junior/Folhapress)

O rio Anhangabaú, que é canalizado para desviar da sua rota, deságua no poluído rio Tamanduateí

Rios sumiram sob o concreto; enchentes e poluição surgiram

DE SÃO PAULO

Enchentes, poluição e mau cheiro são as principais consequências da canalização ou da retificação dos rios da cidade, segundo especialistas.
"A galeria pluvial é reta, vai para o vale sem que a água evapore, não tem curvas nem obstáculos para freá-la. E as pessoas ainda querem que não haja enchente?", diz o geógrafo Luiz de Campos Jr.
Além disso, "com os rios encobertos, fica difícil preservá-los", afirma o engenheiro Sérgio Costa, do Instituto de Engenharia.
Segundo a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), as pessoas jogam nas ruas pneus, bitucas de cigarro e até colchões. Tudo isso vai parar nos rios.
Até 2020, a Sabesp, junto às prefeituras da região metropolitana, tem a meta de despoluir o rio Tietê e toda a sua bacia, o que inclui o rio Saracura e os outros córregos que passam pelo município.

OPERAÇÃO LIMPEZA

O Projeto do Tietê é financiado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e custará no total R$ 3,9 bilhões.
"O objetivo é recuperar o contato da população com a natureza", diz Paulo Massato, diretor da Sabesp na região metropolitana. Segundo ele, já foram limpos e são monitorados 137 córregos pelo projeto Córrego Limpo.
No entanto, o Anhangabaú ainda não foi limpo porque "ele e seus afluentes são invisíveis".
"Os córregos priorizados são aqueles onde ocorrem reformas contra enchentes ou a construção de novos conjuntos habitacionais", diz.
Sobre a prevenção de enchentes, a Prefeitura diz que planeja construir um piscinão no Anhangabaú.
"Esses piscinões fazem o papel de várzea em locais que não poderiam ter sido invadidos, diz o engenheiro Aluisio Canholi, engenheiro civil e um dos autores do plano de macrodrenagem do Estado.
"Não se planejou a cidade há 500 anos. Agora, vamos correndo atrás do tempo perdido", afirma.
                                                                                                  
                                                                                                   (Moacyr Lopes Junior/Folhapress)

Vista da avenida 9 de Julho, onde passa o rio Saracura por baixo das pistas.

sábado, 16 de março de 2013

TENDÊNCIAS DA DEMOGRAFIA BRASILEIRA

Tendência de queda da taxa de fecundidade no Brasil é tema recorrente nas provas de Geografia. Abaixo, parte da questão que caiu no vestibular do Mackenzie, em 2011.


Será, é claro, um Brasil diferente sob vários aspectos. A maior parte deles, imprevisível. Uma década é um período longo o suficiente para derrubar certezas absolutas (ninguém prediz uma Revolução Francesa, uma queda do Muro de Berlim ou um ataque às torres gêmeas de Nova York). Mas é também um período de maturação dos grandes fenômenos incipientes — dez anos antes da popularização da internet já era possível imaginar como ela mudaria o mundo. Da mesma forma, fenômenos detectáveis hoje terão seus efeitos mais fortes a partir de 2020.



David Cohen, Revista Época, 25/05/2009

Outro tema recorrente é o envelhecimento da população, cujas causas envolvem uma série de fatores, com destaque para os avanços da medicina. Por outro lado, o impacto dessa tendência sobre o sistema previdenciário e o olhar torto da sociedade para os velhos deve ser cada vez mais uma preocupação do debate da geografia na sala de aula.



sexta-feira, 15 de março de 2013

5º. mini-seminário de Geografia (9º ano - FSA)

Tema que será apresentado pelas alunas Carolina, Maria e Mariana, no dia 22/03. Não esqueçam, na apresentação, de indicar o nome do autor e o livro o que o texto está publicado!


DEPENDÊNCIA

Sistema de relações econômicas, financeiras, políticas e culturais que mantém as nações subdesenvolvidas subordinadas aos grandes centros do mundo desenvolvido. A situação de dependência atinge especialmente os países de passado colonial recente, além dos que se iniciaram mais tarde no desenvolvimento industrial, estruturando-se como um sistema periférico, que se estende pelo chamado Terceiro Mundo (África, Ásia e América Latina). De modo geral, as nações dependentes baseiam sua economia no setor primário (agropecuário e extração mineral), mas a dependência pode subsistir mesmo quando o país possui, como o Brasil, um setor secundário consideravelmente desenvolvido. Essa subordinação processa-se na medida de tecnologia, de matérias-primas elaboradas, de equipamentos e de capitais para investimentos internos ou compras no exterior.
Um dos aspectos principais da dependência tem sido justamente o endividamento constante e acelerado dos países dependentes, cujas divisas auferidas com as exportações acabam sendo insuficientes para cobrir os déficits do balanço de pagamentos. A importação sistemática de tecnologia para diversificação do sistema produtivo nacional contribui para gerar distorções sociais: a utilização de tecnologias sofisticadas libera, nesses países, grandes contingentes de mão-de-obra, que não encontram trabalho no setor de serviços, como comumente ocorre nos países desenvolvidos. Esses contingentes vão aumentar o número de desempregados e subempregados. A estrutura social das nações dependentes reforça os laços de subordinação, na medida em que há solidariedade de interesses entre as camadas dirigentes locais e os centros econômicos externos.
Muitos industriais de países subdesenvolvidos realizam suas atividades associando-se a empresas estrangeiras ou mesmo vendendo a elas seus estabelecimentos industriais. Paralelamente, podem subsistir alguns grupos econômicos nacionais mais fortes, sem vínculo orgânico com grupos internacionais e com eles concorrendo em escala local e mesmo internacional. As relações de dependência estendem-se à esfera cultural e aos padrões de comportamento, com a adoção de hábitos de vida e de consumo, valores, modas e formas de pensamento gerados nos países mais desenvolvidos.

                   SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia.  7 ed.  São Paulo: Best Seller, Círculo do Livro, 2001, p. 164.




Charge do cartunista francês Plantu mostra o que a "máquina do desenvolvimento" do Norte                         do Planeta reserva para as populações do Sul, dependente e subdesenvolvido. 

4º. mini-seminário de Geografia (9º ano - FSA)

* Tema que será apresentado pelos alunos Andrew, Bárbara, Giovanna, Leonardo e Pedro, no dia 21/03. Não esqueçam, na apresentação, de indicar o nome do autor e o livro o que o texto está publicado!

SUBDESENVOLVIMENTO

Situação inferior do sistema econômico-social de um país em relação aos padrões econômicos das nações industrializadas. Evidencia-se por indicadores como exportação baseada em produtos primários, forte participação de produtos industrializados na pauta de importação, importação acentuada de tecnologia e capitais estrangeiros, persistência de elevadas taxas de desemprego, baixa produtividade, baixa renda per capita, mercado interno bastante limitado, baixo nível de poupança e subconsumo acentuado.
O termo “subdesenvolvimento” surgiu na literatura econômica e política a partir da Segunda Guerra Mundial, com a emergência política dos países colonizados da Ásia, África e América Latina, abalados por vigorosos movimentos sociais, muitos deles de caráter revolucionário.
Atualmente, a problemática do desenvolvimento tende a ser situada além de seus aspectos econômicos, numa abordagem mais geral do sistema de relações internacionais e segundo critérios econômicos, sociais e políticos. Nesse sentido, o subdesenvolvimento está ligado ao problema da dependência, que atinge desde países extremamente pobres, como Bangladesh, até países de considerável nível de industrialização e diversificação do aparelho produtivo, como o Brasil, México e mesmo os ricos Estados árabes produtores de petróleo.
Há economistas, como o francês Charles Bettelheim, que rejeitam a conceituação de subdesenvolvimento. Segundo Bettelheim, o termo está revestido de mascaramento ideológico na medida em que parece indicar um estágio necessário a ser percorrido por esses países para que atinjam o desenvolvimento. Para ele, não é uma questão de tempo, mas de rompimento de relações internas e externas, que vinculariam os países subdesenvolvidos aos centros hegemônicos internacionais.

       SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia.  7 ed.  São Paulo: Best Seller, Círculo do Livro, 2001, p. 580.