terça-feira, 23 de abril de 2013

O cheiro da pobreza

O objeto que representa a civilização e o progresso não é o livro, o telefone, a Internet ou a bomba atômica. É a privada
por Mario Vargas Llosa





Há três anos, durante uma viagem de Lima a Ayacucho por terra, fizemos uma escala no meio de uma chapada na cordilheira, numa aldeia onde havia um pequeno posto policial. Pedi licença ao chefe para usar o banheiro. "À vontade, doutor", disse ele gentilmente. "O senhor quer urinar ou defecar?". Respondi que a primeira alternativa. Sua curiosidade era acadêmica, porque o "banheiro" do posto era um cercado exposto à intempérie onde urina e fezes se confundiam em meio a nuvens de moscas e um fedor estonteante.

A lembrança dessa cena me perseguiu sem trégua enquanto, às vezes tapando o nariz, eu folheava as 422 páginas de um relatório, recentemente publicado pelas Nações Unidas, intitulado A água para além da escassez: poder, pobreza e a crise mundial da água. A prudência do título e a frieza e neutralidade de sua redação burocrática não impedem que esse extraordinário estudo, sem dúvida inspirado na sábia concepção de economia e progresso de Amartya Sen - um economista que não acredita que o progresso se resuma a estatísticas -, estremeça o leitor, ao confrontá-lo com rigor cruel à realidade da pobreza e seus horrores no mundo em que vivemos. A pesquisa realizada por Kevin Watkins e sua equipe deveria ser consulta obrigatória para todos os que queiram saber o que significa - na prática - o subdesenvolvimento econômico, a marginalização social e o fosso que separa as sociedades que os padecem daquelas que já atingiram um nível de vida alto ou médio.

A primeira conclusão dessa leitura é que o objeto que representa a civilização e o progresso não é o livro, o telefone, a Internet ou a bomba atômica, e sim a privada. Onde os seres humanos esvaziam a bexiga e os intestinos é determinante para saber se ainda estão mergulhados na barbárie do subdesenvolvimento, ou se já começaram a progredir. As conseqüências desse fato simples e transcendental na vida das pessoas são vertiginosas. No mínimo um terço da população do planeta - uns 2,6 bilhões de pessoas - não sabe o que é um sanitário, uma latrina, uma fossa séptica, e faz suas necessidades como os animais, no mato, à beira de córregos e mananciais, ou em sacolas e latas que são jogados no meio da rua. E mais ou menos 1 bilhão utiliza águas contaminadas por fezes humanas e animais para beber, cozinhar, lavar a roupa e fazer a higiene pessoal. Isso faz com que pelo menos 2 milhões de crianças morram, a cada ano, vítimas de diarréia. E que doenças infecciosas como cólera, tifo e parasitoses, causadas pelo que o relatório chama eufemisticamente de "falta de acesso ao saneamento", provoquem enormes devastações na África, na Ásia e na América Latina, constituindo a segunda causa de mortalidade infantil no mundo.

Num importante bairro de Nairóbi, no Quênia, chamado Kibera, é generalizado o sistema das chamadas "privadas voadoras", sacolas de plástico em que as pessoas fazem suas necessidades para em seguida atirá-las na rua (daí o nome). A prática eleva as doenças infecciosas no bairro a níveis altíssimos. E os principais atingidos são as crianças e as mulheres. Por quê? Porque cabe a elas cuidar da limpeza doméstica e do transporte da água, e com isso se expõem mais ao contágio do que os homens.

Em Dharavi, uma zona populosa de Mumbai, na Índia, há um único banheiro para cada 1.440 pessoas, e na estação das chuvas as enxurradas transformam as ruas da cidade em rios de excrementos. A fartura de água é, nesse caso, como no de muitas outras cidades do terceiro mundo, uma tragédia: as condições de existência fazem com que a água, em vez de vida, seja muitas vezes instrumento de doença e morte.

Paradoxalmente, a questão da água, indissociável da do saneamento, é talvez o principal problema que mantém homens e mulheres prisioneiros do subdesenvolvimento. Os dados do relatório são concludentes. Quando os pobres têm acesso à água, trata-se em geral de águas com todo tipo de bactérias, de males que os contaminam e matam. Mas, na maioria dos casos, a pobreza condena as pessoas a uma seca ainda mais catastrófica para a saúde e para as possibilidades de melhorar as condições de vida. Uma das conclusões mais chocantes da pesquisa é de que os pobres pagam muito mais caro pela água do que os ricos, justamente porque os povoados e bairros onde eles vivem carecem de instalações de abastecimento e descarga, o que os obriga a comprá-la de fornecedores comerciais, a preços exorbitantes.

Assim, os habitantes dos bairros pobres de Jacarta (Indonésia), Manila (Filipinas) e Nairóbi (Quênia) "pagam 5 a 10 vezes mais por unidade de água do que as pessoas que vivem nas zonas de elevado rendimento das suas próprias cidades - e mais do que pagam os consumidores em Londres ou Nova York". Esse preço desigual faz com que os 20% de famílias mais pobres de El Salvador, Jamaica e Nicarágua invistam um quinto de seus rendimentos em água, ao passo que no Reino Unido o gasto médio dos cidadãos com a água representa apenas 3% de sua renda.

Não resisto a citar essa estatística do relatório: "Quando um europeu puxa uma descarga, ou quando um americano toma banho, utiliza mais água do que a disponível para centenas de milhões de indivíduos que vivem em bairros degradados ou zonas áridas do mundo em desenvolvimento". E também a estimativa de que, com a água poupada caso os "civilizados" fechássemos a torneira enquanto escovamos os dentes, um continente inteiro de "bárbaros" poderia tomar banho.

À primeira vista, não parece haver muita relação entre a falta de água e a educação das meninas. E, no entanto, ela existe e é estreita. O relatório calcula que 443 milhões de dias letivos são perdidos a cada ano por causa de doenças ligadas à água, e que milhões de meninas faltam à escola e recebem uma educação deficiente ou nula, e em todo caso inferior à dos meninos, por terem que buscar água diariamente em açudes, rios e poços que, muitas vezes, ficam a horas de caminhada.

Em "Os miseráveis", Victor Hugo escreveu que "os esgotos são a consciência da cidade". Numa dessas digressões do narrador que pontuam o romance, enquanto Jean Valjean chapinhava na merda com o desmaiado Marius às costas, arriscou uma curiosa interpretação da história a partir do excremento humano. O formidável estudo da ONU faz coisa parecida, sem a poesia nem a eloqüência do grande romântico francês, mas com muito mais conhecimento científico. Propondo-se a apenas descrever as circunstâncias e conseqüências de um problema concreto que atinge um terço da humanidade, o relatório radiografa com dramática precisão o extraordinário privilégio de que os outros dois terços desfrutamos toda vez que, quase sem perceber, abrimos uma torneira para lavar as mãos ou o chuveiro para receber esse jato de água fresca que nos limpa e revigora, ou quando, impelidos por uma dor de barriga, sentamos na intimidade do banheiro, aliviamos as entranhas e, distraídos, limpamos com um pedaço de papel higiênico todos os rastros dessa cerimônia, para em seguida puxar a descarga e sentir, no turbilhão do vaso, nossa sujeira recôndita sumir nas entranhas dos esgotos, longe, longe de nossa vida e nosso olfato, para o bem da própria saúde e bom gosto.

Como é infinitamente diversa a experiência desses bilhões de seres humanos que nascem, vivem e morrem literalmente sufocados pela própria imundície, sem conseguir arrancá-la de suas vidas, pois, visível ou invisível, a sujeira fecal que expulsam volta para eles como uma maldição divina, na comida que comem, na água em que se lavam e até no ar que respiram, causando-lhes doenças e mantendo-os no limite da subsistência, sem chance de escapar dessa prisão na qual mal sobrevivem.

Um dos aspectos mais sombrios da questão é que, em grande parte por causa do nojo e da repulsa que os seres humanos sentimos por tudo o que tem a ver com a merda, os governos e organismos internacionais de promoção do desenvolvimento não costumam dar a ela a devida prioridade. Geralmente a subestimam, e dedicam recursos insignificantes a projetos de saneamento. A verdade é que viver em meio à sujeira é nefasto não apenas para o corpo mas também para o espírito, para a mais elementar auto-estima, para o ânimo que permite erguer a cabeça contra o infortúnio e manter viva a esperança, motor de todo progresso. "Nascemos entre fezes e urina", escreveu Santo Agostinho. Um calafrio deveria subir por nossas costas como uma cobra de gelo ao pensarmos que um terço de nossos contemporâneos nunca acaba de sair da imundície em que veio a este vale de lágrimas.

Disponível em <http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-5/dossie-urbano/o-cheiro-da-pobreza> Acesso em 23 abr 2013.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Elias Jabbour: O que quer a Coreia do Norte?

Quando há tanta dificuldade de saber sobre o que é outro lado, porque nuvens se sobrepõem aos olhos (nuvens fascistas!), textos como estes são como um antídoto. Eles realimentam o questionamento, a indignação, bagunçam o conforto dos moços que acham que a "paz" é uma palavra mágica, ou o oposto da "guerra".




O que quer a Coreia do Norte?


Nem sempre imagens têm mais valor do que mil palavras. No caso em questão, as imagens e o retorcimento da retórica explanada pelo governo da Coreia do Norte são parte de um grande jogo de ridicularização de um regime cujo único objetivo é a autodefesa. Também existe uma ponta de luta pela sobrevivência. Sobrevivência que significa a própria sobrevida de uma nação milenar. E para mim isso basta.

Por Elias Jabbour*

Perguntemos a qualquer letrado, ou especialista. Você sabia que enquanto a Europa se
ensanguentava em guerras religiosas, a Coreia já era uma nação com todos os traços que poderiam a classificar como um Estado Nacional precoce e anterior ao nascimento de Cristo? 

Você sabia que houve uma guerra entre os lados norte e sul da península coreana entre os anos de 1950 e 1953? Você sabia que foi a primeira vez, desde a independência dos EUA (1776) que os norteamericanos assinaram um armistício, ou seja, foram derrotados pela primeira vez em quase 200 anos? Você sabia que desde 1776 os EUA nunca ficaram longe de uma guerra, fora dos seus domínios, por mais de dez anos? Você sabia que na Guerra da Coreia caiu, sobre o lado norte da península, o correspondente a dez bombas nucleares testadas em Hiroshima e Nagasaki? Você sabia que, desde 2001, estão apontadas, à capital da Coreia do Norte (Pionguiangue), cerca de 60 mísseis carregados de ogivas nucleares?

Mais perguntas: Você tem notícia acerca da invasão de um algum país por parte da Coreia do
Norte? Você sabia que o país mais bloqueado, cercado e difamado no mundo é a Coreia do
Norte? Será que essa difamação tem alguma relação com a derrota dos EUA na já referida guerra? Será que querem condenar a Coreia do Norte ao retorno à Idade da Pedra? Será que a Coreia do Norte há 60 anos não é o espinho na garganta dos EUA? Diante dos fatos e da história, você acha que os EUA fariam com a Coreia do Norte o mesmo que fizeram com o Iraque, o Afeganistão e outros? A Coreia do Norte tem ou não o direito de se defender? Você tem alguma dúvida sobre o destino de Kim Jong Un: seria recebido com festa num exílio na Europa ou teria o mesmo destino, com os mesmos requintes de crueldade, reservado a Muamar Kadafi?

Responder estas questões não é uma tarefa complicada. Um mínimo de honestidade já bastaria para saber o que está em jogo nesta guerra psicológica em curso na península coreana. De imediato sugiro qualquer julgamento moral sobre a natureza do regime nortecoreano, se é socialista ou não, se é democrático ou ditatorial, bonito ou feio, rude ou sofisticado. Tem gosto para tudo. Também não seria muito legal tomar a máxima do chanceler brasileiro (Antonio Patriota), segundo quem esperava uma “atitude mais ocidentalizada do líder nortecoreano”.

Talvez Antonio Patriota esteja levando a sério demais o conselho de Huntington sobre um Choque de Civilizações, quando na verdade tanto Huntington quanto Patriota não passam de vítimas de um verdadeiro “choque de ignorância”. Meu parêntese continua para externar algo mais de fundo. É chocante imaginar que o chefe de nossa chancelaria nunca tenha lido Edward Said (“Orientalismo: O Oriente como invenção do Ocidente”), nem tampouco Barrington Moore Jr. (“As Origens Sociais da Ditadura e da Democracia – Senhores e Camponeses na Construção do Mundo Moderno”). De forma explicita em ambos os livros ficam claras as evidências, na Ásia, de práticas democráticas ao nível da aldeia que remontam ao menos 3.000 anos.

O que quer de fato a Coreia do Norte, partindo de um julgamento mais pautado pela história? É evidente que o regime busca sobrevida e para isso nega a lógica da rendição incondicional tão cara a outras experiências, entre elas as da URSS, Leste Europeu e recentemente da Líbia.

Uma nação que historicamente teve seu território sob a cobiça estrangeira, cercada de grandes potências por todos os lados, passando por uma sanguinária ocupação japonesa e que sabe do que são capazes os EUA, não pode se dar ao luxo de esperar o bonde da história passar. O bonde da história derrotou as experiências socialistas da URSS e Europa, levando quase a nocaute por asfixia o governo da Coreia do Norte na década de 1990. Os últimos 25 anos foram marcados por privações de todo tipo, levando inclusive a fome para o outro lado do rio Yalu. O bloqueio, a fome imposta de fora para dentro e as inúmeras ameaças militares e provocações (Coreia do Norte como parte do “Eixo do Mal”, segundo Bush) só fez restar ao governo nortecoreano a opção de se “armar até os dentes” diante do que ocorria em Belgrado sob as hostes das chamadas “intervenções humanitárias”.

Poucos regimes no mundo tem uma noção da política como uma ciência que leva em conta não somente a correlação de forças, mas também o chamado tempo e espaço. Asiáticos e milenares que são os coreanos dão mostras de ter ido além de Maquiavel, aproximando-se de Lênin acrescido de alguma sabedoria confuciana e espírito de rebeldia herdado pelos ensinamentos de Laotsé. Somente gente preparada poderia manter em pé um país cercado, humilhado e ameaçado desde seu nascedouro e com um cenário recrudescido nas últimas duas décadas. 

O conceito de ditadura não serve de explicação. Mais pobre ainda é levar à sério certas conversas do tipo “governo que se mantém às custas da fome do povo e do não cumprimento dos direitos humanos”, quando na verdade a soberania nacional está acima de qualquer direito humano. Ou se acredita ser possível algum direito humano sob ameaça ou intervenção estrangeira? O único direito humano universal é o direito à vida. E o direito a vida naquela parte do planeta se confunde e se entrelaça com o direito de ser nação soberana. É simples, sem ser simplista: a Coreia do Norte não está de brincadeira, pois sabem com quem estão lidando e do que são capazes os EUA.

Os nortecoreanos querem ter o direito de ser o que eles decidiram ser desde a explosão das
primeiras revoltas camponesas contra a ocupação japonesa, ainda na década de 1910 do século passado. Ao invés de buscarmos dar lições de democracia, civilidade e de governo para uma nação milenar, seria mais interessante entender como um país exposto àquelas condições pode alcançar um nível de desenvolvimento tecnológico capaz de projetar e lançar satélites artificiais, mísseis intercontinentais e mesmo bombas nucleares, algo que nem nossos amigos do Irã e seus imensos recursos petrolíferos conseguiram até hoje.

Acho que se decifrarmos a formação social que forjou um povo capaz de expulsar Gengis Khan de seus domínios, no auge do poderio militar do Império Mongol, chegaremos a explicações mais plausíveis e próximas da realidade.

Elias Jabbour é doutor em Geografia Humana pela FFLCH-USP. Autor de “China Hoje: Projeto Nacional, Desenvolvimento e Socialismo de Mercado” (Anita Garibaldi/ EDUEPB, 2006).


Disponível em <http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=210370&id_secao=9> Acesso em 11 abr 2013.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Atentos, aluninhos do 6º ano (ou 5ª série)

TRANSFORMAÇÕES DE UMA PAISAGEM

Produção do artista gráfico Carlos Gustavo Nunes Pereira (o Guta), morto em 2012, aos 59 anos. Na sequência a praia de Copacabana.

1893



 1927

  

 1956


 2007

Mais do mesmo, acesse: http://portalgeo.rio.rj.gov.br/eourbana/

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Visão vertical, visão oblíqua, visão frontal, visão lateral

A geografia utiliza mapas, cartas, plantas e maquetes como ferramentas auxiliares para interpretação do espaço geográfico. As três primeiras ferramentas (cartas, mapas e plantas) são representações bidimensionais do espaço geográfico, exceto no caso dos mapas em relevo, que simulam a rugosidade do planeta Terra. 

A representação bidimensional expõe o comprimento e a largura do objeto do representado, como se ele fosse visto por cima. É o que chamamos visão vertical (4).

As maquetes, por sua vez, são representações tridimensionais pois, além da largura e do comprimento, elas ainda apresentam a altura dos objetos, o que lhes dá um tom de realismo, ou seja, elas podem ser vistas como cópias reduzidas da realidade.

Objetos vistos por cima e meio de lado nos dão aquilo que chamamos de visão oblíqua (2), que é também tridimensional. 

Outra possibilidade é a visão frontal (1), quando vemos os objetos de frente e outra a visão lateral (3). Essas duas são entretanto bidimensionais, pois apresentam apenas altura e largura ou altura e comprimento.


Numa visão vertical (também chamada aérea), podemos observar melhor a organização do espaço - distribuição das residências de uma cidade, localização das fábricas, dos campos agrícolas, tipo de arruamento, áreas de lazer, reservas ambientais etc.. 

Quanto mais nos aproximamos do chão, mais detalhes temos do lugar. É isso que caracteriza as plantasPor outro lado, quanto mais nos afastamos do chão, ou seja, quanto mais alto estamos menos detalhes temos do espaço observado, porém uma maior abrangência. É a partir dessas imagens que se fazem os mapas

Vista aérea do Aeroporto de Guarulhos. Mais detalhes que na imagem seguinte.


Em destaque, mancha urbana de Região Metropolitana de São Paulo e Baixada Santista



Exemplo de planta - Aeroporto de Guarulhos




Exemplo de mapa - RMSP



sexta-feira, 5 de abril de 2013

"Darkened Cities"

O fotógrafo francês Thierry Cohen, desenvolveu uma série de imagens denominada “Darkened Cities“, que revela como é o céu de algumas grandes cidades do mundo sem a luz elétrica e poluição. O resultado de seu trabalho é espetacular. 

Veja São Paulo e Rio de Janeiro nas imagens abaixo, sem "a feia fumaça que sobe apagando as estrelas".


São Paulo 23° 33' 22'' S 2011-06-05 Lst 11:44


                                                                          Rio De Janeiro 22° 58' 38'' S 2011-06-04 Lst 15:08


Para ver utras fotos, acesse: http://thierrycohen.com/

quinta-feira, 4 de abril de 2013

CICLO DAS ROCHAS (Material para os alunos do 7º ano da FSA)





O QUE É O CICLO DAS ROCHAS?

É o conjunto de fenômenos naturais que leva um tipo de rocha a se transformar em outro. Tudo começa aqui mesmo, na superfície da Terra, com a erosão provocada por intempéries como a chuva e o vento. No fim desse processo, formam-se as rochas sedimentares, que se transformam em metamórficas nas profundezas da crosta terrestre. As metamórficas, por sua vez, acabam virando magma, que, em algum momento, se solidifica e vira rocha ígnea, dando início ao ciclo novamente. Tudo isso leva milhões de anos para ocorrer, num processo contínuo e infinito, em que nada se perde e tudo se transforma. Veja no infográfico abaixo quais são os principais fatores que atuam nas transformações.




Consultoria Newton Gomes, professor de Geologia da Universidade 

Vídeo: Ciclo das Rochas (para acessar clique no link abaixo)

quarta-feira, 3 de abril de 2013


http://blogs.estadao.com.br/radar-tecnologico/2013/04/03/primeira-ligacao-de-celular-faz-aniversario-de-40-anos/


Radar tecnológico do estadao.com

Primeira ligação de celular faz aniversário de 40 anos

3 de abril de 2013 | 11h53
Mariana Congo
Em 3 de abril de 1973, há exatamente 40 anos, foi realizada a primeira chamada de celular em público.

IMAGEM RECENTE DE MARTIN COOPER E O MOTOROLA DYNATAC
(Foto: Eloy Alonso/Reuters)
Martin Cooper, engenheiro norte-americano da Motorola, hoje com 84 anos, fez uma demonstração da tecnologia móvel usando um protótipo do aparelho Motorola DynaTAC, que pesava cerca de 1 kg. O “tijolo” tinha quase 23 cm de altura.
Na ocasião, Cooper caminhou pela 6ª Avenida de Nova York, nos Estados Unidos, e ligou para um engenheiro rival do Bell Labs (centro de pesquisas da AT&T, uma das maiores companhias de telecomunicações dos Estados Unidos). Cooper teria dito: “Estou ligando para você apenas para saber se minha ligação soa bem”.
A ligação também não poderia demorar muito tempo, pois a bateria do aparelho durava apenas 20 minutos.
O modelo usado por Cooper foi – 10 anos depois – o primeiro a chegar ao mercado, com o nome Motorola DynaTAC 8000x. O aparelho custava mais de US$ 3 mil.
Celular hoje
Enquanto o Motorola DynaTAC 8000x era um “tijolo” que pesava mais de 1kg, hoje um iPhone 5 pesa 112 gramas e um Galaxy S4, 130 gramas.
No Brasil, o primeiro celular chegou ao mercado em 1990 – era o Motorola PT-550. Atualmente, o País tem 263 milhões de linhas de celulares, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Metrópole e megalópole (8º Ano "FSA" e "Cláudio Manoel da Costa"

Metrópole é o conjunto de cidades ligadas fisicamente, uma espécie de espaço urbano contínuo, cuja importância vai além de seus limites imediatos, dada a variedade de serviços e atividades econômicas aí desenvolvidas.




Megalópole - sequência mais ou menos regular de espaços urbanos que, por fim, integram pelo menos duas áreas metropolitanas.

Abaixo, vemos mapa e imagem de satélite da Megalópole Rio-São Paulo-Campinas, e  fotos das principais cidades que compõe a região.






    Rio de Janeiro



    Volta Redonda


    São José dos Campos


    São Paulo



    Campinas


Geografia na poesia (Recife)




EVOCAÇÃO DO RECIFE

                   Manuel Bandeira

Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
- Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado
e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê
na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras
mexericos namoros risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!

A distância as vozes macias das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão

(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)
De repente
nos longos da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo.

Rua da União...
Como eram lindos os montes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capiberibe
- Capiberibe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro
os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras

Novenas
Cavalhadas
E eu me deitei no colo da menina e ela começou
a passar a mão nos meus cabelos
Capiberibe
- Capiberibe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas
Com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô.