quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

PLENO EMPREGO

Situação de equilíbrio na economia que proporciona uma taxa mínima de desemprego, a ponto de faltar trabalhadores em diversas funções, o que implica alta de salários, aumento de custos e riscos de inflação.




Deu no Estadão


País vive pleno emprego, diz FGV

Para comprovar a tese, economista argumenta que os salários estão crescendo acima da produtividade

08 de fevereiro de 2013 | 12h 00


Fernanda Nunes, da Agência Estado
A economia brasileira vive uma situação de pleno emprego, segundo o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) Fernando Barbosa Filho. A informação contraria a interpretação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que não reconhece o pleno emprego, apesar das baixas taxas registradas na Pesquisa Mensal de Emprego (PME).
Para comprovar a sua tese, o economista da FGV argumenta que os salários estão crescendo acima da produtividade. "Isso vai gerar problema para as empresas. O mercado só pode responder jogando gasolina na inflação. A tendência é que a pressão nos preços de serviços devido ao mercado de trabalho apertado continue. A indústria não deve ter refresco do mercado de trabalho neste ano", avaliou.
Em janeiro, o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), tradicionalmente, é mais alto do que no mês anterior, observou Barbosa. No mês passado, o índice, que corresponde à variação das taxas de desemprego entre dois meses, avançou 2,7%. Em dezembro, a taxa foi de -2,4%. A elevação do porcentual indica mais desemprego.
Apesar deste dado relativo ao mês anterior, o economista ressalta que não foi observada nenhuma tendência de mudança no mercado de trabalho, que deve permanecer em expansão. A expectativa é que a taxa de desocupação da PME deverá se aproximar de 5% em janeiro, segundo previsão do Ibre/FGV. A avaliação é que o mercado de trabalho está, atualmente, no patamar de outubro de 2012.
Apesar da previsão de aumento do desemprego no início do ano, o esperado é uma retomada da contratação no fim do primeiro trimestre, disse Barbosa Filho. A projeção é de uma taxa de desocupação inferior aos 5,5% registrados em 2012.
"Houve uma mudança no perfil do mercado, que passou a ser puxado pelo setor de serviços. A tese de crescimento da ocupação por causa da retenção da mão de obra pela indústria não me convence. Isso pesaria no bolso do empresário. Não podemos acreditar em um otimismo infinito da indústria", argumentou

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

MEIO TÉCNICO
               por Milton Santos


   O período técnico vê a emergência do espaço mecanizado. Os objetos que formam o meio não são, apenas, objetos culturais; eles são culturais e técnicos, ao mesmo tempo. Quanto ao espaço, o componente material é crescentemente formado do "natural" e do "artificial". Mas o número e a qualidade de artefatos varia. As áreas, os espaços, as regiões, os países passam a se distinguir em função da extensão e da densidade da substituição, neles, dos objetos naturais e dos objetos culturais, por objetos técnicos.
   
   Os objetos técnicos, maquínicos, juntam à razão natural sua própria razão, uma lógica instrumental que desafia as lógicas naturais, criando, nos lugares atingidos, mistos ou híbridos conflitivos. Os objetos técnicos e o espaço maquinizado são locus de ações "superiores", graças à sua superposição triunfante às forças naturais. Tais ações são, também, consideradas superiores pela crença de que ao homem atribuem novos poderes — o maior dos quais é a prerrogativa de enfrentar a Natureza, natural ou já socializada, vinda do período anterior, com instrumentos que já não são prolongamento do seu corpo, mas que representam prolongamentos do território, verdadeiras próteses. Utilizando novos materiais e transgredindo a distância, o homem começa a fabricar um tempo novo, no trabalho, no intercâmbio, no lar. Os tempos sociais tendem a se superpor e contrapor aos tempos naturais.
   
   O componente internacional da divisão do trabalho tende a aumentar exponencialmente. Assim, as motivações de uso dos sistemas técnicos são crescentemente estranhas às lógicas locais e, mesmo, nacionais; e a importância da troca na sobrevivência do grupo também cresce. Como o êxito, nesse processo de comércio, depende, em grande parte, da presença de sistemas técnicos eficazes, estes acabam por ser cada vez mais presentes. A razão do comércio, e não a razão da natureza, é que preside à sua instalação. Em outras palavras, sua presença torna-se crescentemente indiferente às condições preexistentes. A poluição e outras ofensas ambientais ainda não tinham esse nome, mas já são largamente notadas — e causticadas — no século XIX, nas grandes cidades inglesas e continentais. E a própria chegada ao campo das estradas de ferro suscita protesto. A reação antimaquinista, protagonizada pelos diversos ludismos, antecipa a batalha atual dos ambientalistas. Esse era, então, o combate social contra os miasmas urbanos.
   
   O fenômeno, porém, era limitado. Eram poucos os países e regiões em que o progresso técnico podia instalar-se. E, mesmo nestes poucos, os sistemas técnicos vigentes eram geograficamente circunscritos, de modo que tanto seus efeitos estavam longe de ser generalizados, como a visão desses efeitos era, igualmente, limitada.




Mapa 1 - Esquema das Estradas de Ferro no Brasil, em 1954




Mapa 2 - Rede Ferroviária Paulista, em 1984



LADEIRA DA MEMÓRIA


Zecarlos Ribeiro (Grupo Rumo)


Olha as pessoas descendo, descendo, descendo
Descendo a Ladeira da Memória
Até o Vale do Anhangabaú
Quanta gente!
Vagando pelas ruas sem profissão
Namorando as vitrines da cidade
Namorando, andando, andando, namorando
O céu ficou cinza e de repente trovejou
E a chuva vem caindo, caindo, caindo
Prendendo as pessoas nas portas, nos bares
Na beirada das calçadas
Quanta gente!
Com ar aborrecido olhando pro chão
Pro reflexo dos edifícios e dos carros
Nas poças d'água
E pros pingos, pingando, pingando, pingando
Olha as pessoas felizes, felizes, felizes
Felizes por que a chuva que caía agora pouco
Essa chuva que caia agora pouco já passou

Sequência abaixo mostra Ladeira da Memória em dois tempos diferentes: meados do século XIX e início do século XXI.


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


Anhangabaú


Quadro de Waldemar Maramgoní Júnior (2012). Reprodução da antiga 
passagem, conhecida como Buraco do Ademar.



domingo, 24 de fevereiro de 2013

Sequência de a "invenção" do Brasil



Peça comemorativa dos 400 anos do descobrimento 
do Brasil, fábrica de Alcântara, Portugal.

Disponível em <http://memoriadosdescobrimentosnaceramica.blogspot.com.br> Acesso em 24 fev 2013.

ERRO DE PORTUGUÊS
              Oswald de Andrade

Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!

Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português


O MEIO NATURAL 
                      
                       por Milton Santos





Quando tudo era meio natural, o homem escolhia da natureza aquelas suas partes ou aspectos considerados fundamentais ao exercício da vida, valorizando, diferentemente, segundo os lugares e as culturas, essas condições naturais que constituíam a base material da existência do grupo.

Esse meio natural generalizado era utilizado pelo homem sem grandes transformações. As técnicas e o trabalho se casavam com as dádivas da natureza, com a qual se relacionavam sem outra mediação.

O que alguns consideram como período pré-técnico exclui uma definição restritiva. As transformações impostas às coisas naturais já eram técnicas, entre as quais a domesticação de plantas e animais aparece como um momento marcante: o homem mudando a Natureza, impondo-lhe leis. A isso também se chama técnica.

Nesse período, os sistemas técnicos não tinham existência autônoma. Sua simbiose com a natureza resultante era total (G. Berger, 1964, p. 231; P. George, 1974, pp. 24 e 26) e podemos dizer, talvez, que o possibilismo da criação mergulhava no determinismo do funcionamento. As motivações de uso eram, sobretudo, locais, ainda que o papel do intercâmbio nas determinações sociais pudesse ser crescente. Assim, a sociedade local era, ao mesmo tempo, criadora das técnicas utilizadas, comandante dos tempos sociais e dos limites de sua utilização.

A harmonia socioespacial assim estabelecida era, desse modo, respeitosa da natureza herdada, no processo de criação de uma nova natureza. Produzindo-a, a sociedade territorial produzia, também, uma série de comportamentos, cuja razão é a preservação e a continuidade do meio de vida. Exemplo disso são, entre outros, o pousio, a rotação de terras, a agricultura itinerante, que constituem, ao mesmo tempo, regras sociais e regras territoriais, tendentes a conciliar o uso e a "conservação" da natureza: para que ela possa ser, outra vez, utilizada.

Esses sistemas técnicos sem objetos técnicos não eram, pois, agressivos, pelo fato de serem indissolúveis em relação à Natureza que, em sua operação, ajudavam a reconstituir. 

A metrópole móvel

Perfil migratório de São Paulo é marcado por idas e vindas e pela internacionalização


Brasil em transição demográfica

Segundo pesquisa, fecundidade nacional cai cada vez mais e se concentra entre os adolescentes

A CIÊNCIA NO BRASIL COLÔNIA

Interior de São Paulo no século XIX retratado no quadro Pirapora do Curuçá (hoje Tietê), 1826, de Zilda Pereira.




http://revistapesquisa.fapesp.br/2010/05/26/a-ci%C3%AAncia-no-brasil-col%C3%B4nia/
O relevo econômico do interior


O sistema ferroviário implantado no início do século XX permitiu a formação de uma série de cidades no interior de São Paulo, interligadas à capital e ao porto de Santos para escoamento de café e outros tipos de produção. Nos anos 1970, as ferrovias foram substituídas por uma malha rodoviária que aprofundou o relevo econômico da região.

Eliseu Savério Esposito, do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciência e Tecnologia (FCT) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Presidente Prudente, conta essa história. Para ele, essas cidades do interior já não dependem da metrópole.

Transformação e permanência

Sequência de desenhos do cartunista Robert Crumb, intitulada "Uma breve história da América". O tema recorrente é a transformação da paisagem. 













Disponível em < http://concretagem.blogspot.com.br/2009/01/blog-post.html> Acesso em 14 fev 2013.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Pra ensinar aos aluninhos o segredo do verbo "observar", esse verbo-chave pra entender geografia, uma frase clássica de Dalton Trevisan, em O vampiro de Curitiba:

“Menino caçando passarinho é cego para o que não for passarinho.”

domingo, 17 de fevereiro de 2013



Geografia na poesia

MARIO QUINTANA




Conhecido como “poeta das coisas simples”, Mario Quintana (1906-1994) trabalhou como jornalista e tradutor, sendo autor de várias obras, entre poesias e livros infantis.



Casario, 1943. Milton da Costa ( Brasil 1915 – 1988). óleo sobre madeira, 32 x 41 cm. Coleção Particular. Em: http://peregrinacultural.wordpress.com/2010/11/29/cidadezinha-cheia-graca-soneto-de-mario-quintana-uso-escolar/


CIDADEZINHA

Cidadezinha cheia de graça…
Tão pequenina que até causa dó!
Com seus burricos a pastar na praça…
Sua igrejinha de uma torre só.

Nuvens que venham, nuvens e asas,
Não param nunca, nem um segundo
E fica a torre sobre as velhas casas,
Fica cismando como é vasto o mundo!…

Eu que de longe venho perdido,
Sem pouso fixo (que triste sina!)
Ah, quem me dera ter lá nascido!

Lá toda a vida poder morar!
Cidadezinha… Tão pequenina
Que toda cabe num só olhar…

Em: Mário Quintana, Prosa e verso - série paradidática — Porto Alegre, Editora Globo: 1978


METEORO OU METEORITO?

Esclarecendo dúvida sobre conceitos astronômicos pouco usuais no nosso dia a dia.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Interior de Alagoas. Foto de Marta Luedemann

DESVENDANDO O ESPAÇO GEOGRÁFICO

Chamamos de paisagem a porção do território que a vista alcança. Ela é composta de formas naturais e de formas construídas, que estão em permanente transformação. A leitura da paisagem é o ponto de partida para a compreensão dos processos de construção do espaço geográfico. 

Mas por onde começamos a leitura da paisagem? 

Pela observação e descrição dos elementos formadores da paisagem. 

A observação pode ser direta, como no caso de um trabalho de campo, ou indireta, quando, por exemplo, visualizamos uma fotografia ou um quadro, ou assistimos a um filme, ou ainda por meio de textos literários e de relatos. A descrição, por sua vez, é a exposição minuciosa daquilo que se vê. 


Esta é a Ladeira da Memória, em 1982, aqui retratada pelo pintor Teisuke Kumassaka.



Esta é a Praça 14 Bis, em 1967. Como numa fotografia, só que mais bonita. 


Para outras imagens, acesse: http://teisukekumassaka.wordpress.com/